Por Renata Lima Asaiag
Alergo House (nov/2009)
O que é alergia alimentar?
A alergia alimentar é uma reação indesejável que ocorre após a ingestão de determinados alimentos ou aditivos alimentares. São designados por reações de hipersensibilidade que acontece da seguinte maneira: o organismo, para tentar se defender desses “invasores” leva as células do sistema imune a produzirem moléculas chamadas anticorpos. Esta reação incita outras células especializadas, os mastócitos, a liberarem uma substância chamada histamina, que é a responsável pelo aparecimento dos sintomas alérgicos.
De forma geral a alergia alimentar ocorre quando o sistema de defesa do organismo (sistema imune) acredita que uma substância alimentar inofensiva é perigosa.
Quais alimentos estão associados?
Os alimentos frequentemente associados com a alergia alimentar são os que possuem alto teor de proteína, principalmente os de origem vegetal e marinha. Entre eles encontram-se o ovo, peixe, milho, nozes, camarão, mariscos, leite, peru, abóbora, farinha de trigo, banana, soja e amendoim.
Pode, também, ocorrer reações adversas aos corantes e aditivos alimentares, como, por exemplo, a tartrazina (corante amarelo).
Qual a frequência da alergia alimentar?
As reações alimentares de causa alérgica acometem entre 6 e 8% das crianças com idade inferior a 4 anos e 2-3% dos adultos.
Pessoas portadoras de outras doenças alérgicas apresentam maior incidência de alergia alimentar. Além disso, pais que tenham alergia aumentam para 28% as chances de seus filhos também a desenvolverem.
Quais são os fatores mais envolvidos na alergia alimentar?
1 – Predisposição genética
A tendência ao desenvolvimento de alergia é uma característica herdada geneticamente, e a maioria dos pacientes alérgicos apresenta parentes de primeiro grau com os mesmos sintomas. Essa hereditariedade parece estar ligada a uma maior predisposição que esses indivíduos possuem de produzir um tipo específico de anticorpo (IgE), associado às reações alérgicas.
2 – Potencial alergênico dos alimentos
O potencial alergênico refere-se à capacidade que o alimento tem de induzir uma reação alérgica. Geralmente os alérgenos de origem vegetal apresentam perda do potencial alergênico após a cocção, ao contrário dos alérgenos de origem animal.
3 – Deficiência de IgA
Esse anticorpo, na forma presente nas mucosas, é o mais importante do trato gastrintestinal, pois tem função de reduzir a absorção de substâncias alergênicas. Indivíduos com deficiência na produção de IgA apresentam risco aumentado de reações alérgicas alimentares.
4 – Estado imunológico do indivíduo
Infecções e outras doenças que afetam o sistema imunológico podem aumentar a frequência de sensibilização, pela perda da integridade da mucosa intestinal ou por alteração na resposta imunológica. Além disso, pacientes com diarréia crônica aumentam o risco de desenvolverem alergia alimentar.
5 – Idade
Grande parte das reações alérgicas alimentares ocorrem em crianças menores de 3 anos. Os possíveis mecanismos responsáveis pela ocorrência dessas reações nesta faixa etária seriam:
– a imaturidade da mucosa intestinal;
– a deficiência do anticorpo IgA, presente nas mucosas.
6 – Contato precoce com os antígenos
Alguns tipos de alimentos, na presença de uma mucosa intestinal imatura (como a das crianças), apresentam maior potencial de causar alergia, pois seus antígenos (substâncias capazes de induzir uma resposta imunológica) são mais absorvidos pela mucosa.
Como se manifesta a alergia alimentar?
A maior parte dos sintomas surge minutos a duas horas após a ingestão do alimento. Tanto o tempo de início e duração, como a natureza da reação são importantes para o diagnóstico da alergia alimentar.
– Reações cutâneas mais comuns: urticária, inchaço, coceira e eczema.
– Reações do sistema digestivo: dor abdominal, náusea, vômitos e diarréia.
– Reações do sistema respiratório: tosse, rouquidão e chiado no peito.
Em crianças pequenas, a perda de sangue nas fezes, pode ocasionar anemia e retardo no crescimento.
Quais as reações podem ocorrer logo após a ingestão do alimento?
1 – Síndrome da Alergia Oral
É uma manifestação da alergia alimentar, considerada um tipo de urticária de contato, que ocorre após o contato da mucosa oral com determinados alimentos. Os sintomas são instantâneos e desaparecem rapidamente. Dentre eles estão: coceira e inchaço nos lábios, palato e faringe. Os alimentos geralmente envolvidos são frutas e vegetais secos.
2 – Anafilaxia Gastrintestinal
Os sintomas são náuseas, vômitos, cólicas, dor abdominal e diarréia. Iniciam-se nas primeiras duas horas após a ingestão do alimento. Normalmente crianças, apresentam sintomas após as alimentações associado à dificuldade de crescimento e perda de peso.
3 – Urticária e Angioedema
São as manifestações mais comuns de alergia alimentar, iniciam-se alguns segundos após a ingestão do alimento. O angioedema caracteriza-se por inchaço de lábios e da mucosa da boca. Leite, ovos, peixes, mariscos e amendoins são os alimentos mais associados a essas reações.
4 – Sintomas Respiratórios
Podem ocorrer de minutos até duas horas após a ingestão do alimento. Os sintomas incluem vermelhidão e coceira ao redor dos olhos, congestão nasal, coriza e, raramente, chiado torácico.
5 – Anafilaxia Generalizada
É a reação mais grave, podendo levar à morte. Deve ser tratada imediatamente. O paciente costuma apresentar queda na pressão arterial, colapso do sistema cardiovascular, arritmias cardíacas e dificuldade de respirar, podendo levar a asfixia. Para saber mais sobre anafilaxia clique aqui.
Como é feito o diagnóstico?
Para o diagnóstico da alergia deve ser feito um levantamento do histórico familiar, descrição dos sintomas e o tempo decorrido a partir da ingestão do alimento, lista dos alimentos suspeitos e a quantificação do alimento para o aparecimento de sintomas; exames físicos; diário alimentar e de sintomas; testes bioquímicos e imunológicos.
Qual o tratamento para alergia alimentar?
O tratamento consiste na retirada do alimento responsável pela alergia da alimentação. A dieta de eliminação é algumas vezes, baseada nos poucos alimentos que não têm chance de causar uma reação alérgica. Esta dieta limitada é muito rigorosa e difícil de ser seguida. À medida que cada alimento é gradualmente reintroduzido na dieta, um nutricionista avalia qual deles é o responsável por casa sintoma.
Se for necessário usar uma dieta muito restrita, há risco de deficiências nutricionais aparecerem, a menos que seja cuidadosamente controlada. Isto é especialmente importante para crianças, que precisam de um suprimento adequado dos nutrientes certos para crescer normalmente e manter uma boa saúde.
É extremamente importante fornecer ao paciente e seus familiares orientações para evitar novos contatos com o alimento desencadeante. O paciente deve estar sempre atento verificando o rótulo dos alimentos industrializados buscando identificar nomes relacionados ao alimento que desencadeia a alergia.
Não existe, ainda, um remédio para tratar especificamente a alergia alimentar. Os medicamentos são usados para o tratamento dos sintomas. Nesse caso podem ser usados medicamentos que visam o bloqueio do efeito prejudicial da histamina ou impedimento dos mastócitos liberarem histamina e outros mediadores.
Do mesmo jeito que outras enfermidades, os fatores genéticos e ambientais influenciam na manifestação da alergia alimentar. Dessa maneira a crescente incidência de doenças alérgicas em países industrializados tem sido atribuída à falta de exposição a infecções microbianas no período inicial da vida, ou a chamada “hipótese da higiene”.
Prevenindo Alergias Alimentares
Algumas alergias alimentares são herdadas ou podem estar relacionadas com a sensibilização ocorrida no útero ou nos primeiros meses depois do nascimento.
Alergia Alimentar x Intolerância Alimentar
Alergias alimentares envolvem reações imunológicas, enquanto que a intolerância alimentar envolve vários mecanismos não imunológicos diferentes, ou seja, não envolvem o sistema imunológico. Dentre eles estão:
– Liberação não alérgica de histaminas;
– Reações farmacológicas;
– Defeitos nas enzimas: Indivíduos que sofrem de intolerância a lactose (açúcar) devido à falta da enzima lactase, responsável pela quebra desse açúcar presente no leite. Para saber mais sobre alergia e intolerância ao leite clique aqui.
– Efeitos irritantes: O curry e o glutamato são exemplos de alimentos que geram esses efeitos. O curry pode irritar o intestino e o glutamato pode resultar em dor no peito, palpitação e fraqueza.
Os sintomas apresentados na intolerância alimentar são semelhantes ao da alergia, por isso esses termos causam muitas confusões. Assim, caso ocorra aparecimento de algum sintoma é necessário consultar um profissional para que seja feito o devido diagnóstico.
Parabéns!
Todas as informações postadas aqui são muito claras e de fácil compreensão.
Abraços.
Iris.